domingo, 25 de abril de 2010

Quase...

Durante mais um dia, como outro qualquer, estava em casa e sem nada para fazer. Naquele dia eu estava me sentindo mais sozinha que o normal, então fui olhar alguns vídeos no youtube. Até que me deparei com uma montagem. Eu ia fechar a aba, pois prefiro assistir videoclipes, mas algo acabou me chamando a atenção e assisti até o fim. Senti como se aquelas palavras escritas por Luis Fernando Veríssimo fossem diretamente para mim, até porque era como eu me sentia e aquilo me deu uma força para tomar um novo rumo, lá estava escrito exatamente assim:

Quase...
Ainda pior que a convicção do não,
E a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda, que me entristece,
Que me mata trazendo tudo
Que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades
Que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca sairão do papel
Por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes,
O que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor,
Está estampada na distância e na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença dos “bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem
Até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece,
O desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos
Para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
O mar não teria ondas, os dias seriam nublados
E o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio que
Cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória
É desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio
Ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor
Não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,
Que a rotina acomode,
Que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.
[Luis Fernando Veríssimo.]